Inflação é resistente, pode não ser temporária e exige cautela, diz BC
Jornal Folha de São Paulo - 14/03/2013 - 08h58
Em meio às apostas do mercado de uma elevação dos juros básicos nos próximos meses, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, elevou suas projeções de inflação e admitiu a possibilidade de que a pressão nos preços não seja temporária.
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Segundo a ata da última reunião, divulgada nesta quinta-feira, os preços mostram resistência e podem se acomodar em patamar mais elevado.
"O Copom avalia que a maior dispersão recentemente observada de aumentos de preços ao consumidor, pressões sazonais (em um determinado período) localizadas no segmento de transportes, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência", afirma o documento.
Diante do quadro, a autoridade monetária elevou suas projeções de inflação para este ano e para 2014. Em todas as previsões, o nível é superior ao centro da meta estipulada pelo governo, de 4,5%.
Na última semana, o Copom manteve a taxa básica de juros em 7,25% pela terceira reunião seguida. O atual nível é o mais baixo já registrado no país e resulta de uma série de reduções que fizeram a Selic despencar de 12% em agosto de 2011.
Sem sinais claros de que a manutenção poderá durar mais tempo, analistas viram no comunicado sobre a decisão indicações de uma possível alta dos juros nos próximos meses.
Na ata do último encontro, assim como no comunicado, os integrantes mostram mais cautela quanto aos próximos passos a ser tomados na condução da política monetária.
O termo "estabilidade das condições por tempo prolongado" foi substituído por "acompanhamento da evolução do cenário, para então definir os próximos passos da estratégia".
Na última semana, analistas de mercado revisaram as projeções para a taxa Selic e passaram a acreditar em uma elevação ao longo do ano. Depois de um período de estabilidade de mais de quatro meses em 7,25%, a expectativa agora é que o Brasil termine o ano com juros em 8%.
Nas conclusões apresentadas na ata, os técnicos do BC sinalizam que o cenário é de atividade doméstica mais intensa e destacam ainda as pressões do mercado de trabalho, que poderiam provocar aumentos salariais e causar efeitos negativos na inflação caso não haja aumento da produtividade.