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Indústria - Empresários sem ânimo para apostas

Empresários estão sem ânimo para apostas

Pesquisa da CNI revela que 85,4% dos empresários do setor estão decididos a bancar investimentos neste ano. Índice é o menor registrado desde 2009 e reflete apreensão

Sílvio Ribas  - Jornal Estado de Minas

Publicação: 16/01/2013 07:18

Brasília – Após passarem 2012 com ganhos reduzidos ou até inexistentes, as indústrias reduziram suas pretensões de investimento em 2013 e ainda vão concentrar os projetos no mercado doméstico. No momento em que incrementar a produção se tornou decisivo para tirar a economia brasileira do marasmo, pesquisa anual divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela pouco entusiasmo do setor. Apesar de o número de empresas decididas a investir este ano, 85,4% do total, ser maior que o percentual que efetivamente investiu no ano passado (80,2%), essa disposição é a menor desde 2009. Naquele ano, 86,6% das indústrias anunciaram o desejo de investir em 2010. Por outro lado, o total de empresas que de fato investiram em 2012 foi o pior em quatro anos.

O recuo do número de indústrias com planos para investir em 2013 é resultado de uma combinação de receios com o cenário econômico, ressaca com as frustrações do ano passado e a persistência de capacidade ociosa nas fábricas. “Mesmo existindo uma aposta de melhora nos negócios, os executivos pesquisados mostram dúvidas quanto à evolução das demandas doméstica e internacional”, avaliou Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI. Não por acaso, o principal fator de inibição do investimento continua nas incertezas da economia, segundo indicam 44% dos empresários entrevistados.

Em 2012, só metade das empresas (50,2%) completaram os seus projetos planejados para o período, ante 57,8% no ano anterior. Apesar disso, a confederação considera o comportamento adequado para garantir produção suficiente para atender o mercado ao longo deste ano. Nos alvos dos investimentos em 2013, a prioridade deixou de ser capacidade produtiva para ser processos mais eficientes, apontada por 34,8%. A ampliação dos volumes produzidos foi citada por 28,3%.

A disposição para comprar máquinas e equipamentos este ano, manifestada em 57,9% das respostas dos empresários, ante 45,9% em 2012, foi ofuscada pelo fato de ela estar atrelada a um interesse maior pelas opções importadas. Para 38,5% das empresas, essa é a preferência.

Outro ponto de destaque da pesquisa da CNI está no foco prioritário dos investimentos em 2013, que será o mercado doméstico, com a oferta de novos produtos. O mercado externo despertou o menor interesse em 10 anos. Apenas 14,7% disseram que visam atender as demandas interna e externa. O levantamento da CNI consultou 584 empresas, de 25 de outubro a 30 de novembro.

CULPA DOS OUTROS

O setor industrial rejeita a sua inserção na lista dos principais responsáveis pela atual disparada de preços. Para os economistas da CNI, a exemplo dos últimos anos, a inflação continua sendo pressionada basicamente pelo encarecimento dos valores cobrados no mercado doméstico de serviços e dos alimentos cotados no mercado internacional. Nesse contexto, avaliam, as fábricas estariam entre os grupos prejudicados pela variação dos índices gerais, sobretudo na forma de aumento do custo de mão de obra, o que tira competitividade internacional.

“Os indicadores inflacionários vêm, há tempos, sendo liderados pelos serviços, com variações médias de até 10% ao ano. A indústria, por sua vez, responde, numa inflação de 6%, por menos de um ponto percentual (no índice geral)”, explicou Flávio Castelo Branco. De acordo com ele, uma prova disso é que as manufaturas têm sido reajustadas abaixo dos últimos percentuais anuais do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial da inflação.

Castelo Branco acrescentou que a atual capacidade do setor de atender plenamente a demanda, considerando a existência de ociosidade nas linhas de produção, também evita pressões por reajustes de seus produtos. “Com o ritmo dos investimentos adequado para as expectativas de evolução das compras domésticas, também fica descartado qualquer gargalo na oferta”, completou.

Mineiros remam contra maré de pessimismo

Na expectativa de um crescimento de 4,7% do faturamento neste ano, a indústria mineira só deverá retomar investimentos no segundo semestre deste ano, se confirmado o cenário mais favorável de expansão da economia brasileira e de arrefecimento da crise internacional. O ano de reação das fábricas mineiras que 2013 promete encarnar deve se caracterizar, primeiro, por uma fase de redução da atual ociosidade nas unidades fabris, avalia Guilherme Veloso Leão, gerente de Economia da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O setor está operando no estado com 84,3%, em média, da sua capacidade instalada de produção, segundo a Fiemg.

“Há fundamentos que nos permitem esperar a retomada dos investimentos, inclusive com a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas”, afirma Guilherme Leão. Outro fator é a aposta na manutenção da taxa básica de juros em 7,5% ao ano – a taxa Selic, que remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio – partindo do pressuposto que os investidores passarão a buscar ativos reais, movimentando a engrenagem do setor produtivo.

Ainda segundo o gerente de Economia da Fiemg, contribuem para o ambiente de recuperação da indústria o programa federal de concessões nas áreas rodoviária e ferroviária e as medidas recentes de desoneração dos custos do trabalho e da energia. Do exterior, chegam notícias animadoras, como a projeção de crescimento da economia americana, de 2,3%, e o aumento das compras de minério de ferro pela China. Os EUA respondem por 11% da receita das exportações brasileiras e por 20% dos embarques de Minas ao exterior. Os clientes chineses levam quase 50% da pauta de vendas externas do estado.

Transporte mais eficiente

A duplicação e as melhorias previstas no programa de concessões rodoviárias devem quase dobrar a eficiência do transporte de carga em Minas, segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg). Até 2018, cinco dos mais importantes eixos rodoviários que cortam o estado devem ser duplicados (BRs 040, 116, 262, 050 e 153), permitindo que aumente de forma considerável a fluidez do tráfego. A expectativa do setor é de que seja possível equiparar a velocidade média obtida nas estradas privatizadas em São Paulo, passando dos atuais 35 km/h para 65 km/h. “Aquilo ali é coisa de primeiro mundo. É o que esperamos para Minas”, afirma o presidente da entidade, Sérgio Pedrosa.

As melhorias devem permitir redução do chamado custo variável, que inclui gastos com óleo diesel, manutenção e até acidentes. Para incentivar a redução de acidentes e a maior disponibilidade da rodovia, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) acrescentou um fator de qualidade no edital de concessões das BRs 262, 050 e 153 e nas demais que compõem os sete lotes da terceira fase de concessões. O indicador garante benefício à concessionária caso ela consiga reduzir o volume de acidentes no trecho. A superintender de Exploração de Infraestrutura Rodoviária da ANTT, Viviane Esse, indica entre as possíveis medidas o reforço na sinalização, a implantação de radares e até a modificação de traçado. “A concessionária vai escolher o que é mais atrativo”, afirmou em audiência pública ontem em Belo Horizonte.

Até o dia 25, a ANTT realiza audiências públicas em todos estados por onde passam as rodovias que serão concessionadas. A data é o prazo para que os interessados encaminhem propostas de alteração nas minutas dos editais. A previsão é de que os editais sejam publicados em março.